Como treinar um filhote e um cão adulto 2

Como treinar um filhote e um cão adulto – Parte 2. Link para a parte 1 no final.

É hora de definir as regras do treino

Após conhecer os três primeiros passos de adestramento, é hora de definir as regras que vão nortear todo o treino, evitando qualquer deslize e para agilizar o processo, evitando erros que podem deixar os cães confusos.


Pensando nisso, tome notas:


Sempre defina previamente os treinos

Ao invés de começar a treinar sem saber o que vai fazer, tenha um bloquinho onde anota tudo o que vai acontecer, de forma gradual. Ou seja, siga a regra de começar pelo que é mais fácil.
Você pode treinar até dois comandos por dia, mas o ideal é começar com apenas um para os cães iniciantes, que estão começando o adestramento agora.
Conforme os dias forem passando e o cão aprendendo, dá para aumentar a variedade.

Treinos curtos

Os cães podem perder o interesse em algo rapidamente e, no caso dos filhotes, a concentração é limitada.
Por isso, os treinos devem ser curtos, preferencialmente até 5 sessões de 5 minutos cada. Essas sessões devem variar entre treino e brincadeira, elevando o grau de curiosidade dos cães.

Não treine se estiver de mau-humor

O ser humano costuma agir por impulso, por isso, se estiver irritado ou de mau-humor, deixe o treino para depois, evitando que acabe gritando com o cachorro, o que não é interessante.
A ideia é tornar o momento agradável, para que o pet sinta que você está bem e não desenvolva nenhum medo.

Aposte em recompensas que funcionam

Todo dono de pet sabe o que funciona melhor com o próprio cão, ao menos essa é a ideia.
Então, se você sabe que o seu cachorro adora aquele petisco “x”, deixe esse reservado para o momento da aula, o mesmo vale para um brinquedo específico. Isso porque, se você oferta essas recompensas em outros momentos, o cão entende que ele não precisa seguir o comando para ganhar, basta esperar.
No dia-a-dia, dê outras opções de brinquedos e petiscos, mas nunca aqueles usados nos treinos.

Sempre fale de maneira clara ou use um clique para manejo

Para que o cão realmente saiba o que você está dizendo, mesmo que não fale, a palavra deve ser dita de maneira clara, direta, nunca no meio de frases.
Dessa forma, você não vai dizer “agora é hora de você sentar”, dirá apenas “senta” ou “nome do cachorro, senta”. Dizer o nome dele antes do comando é interessante para chamar a atenção do animal e também para que ele se reconheça por aquele termo.
Porém, se você tem maiores dificuldades para alguns comandos, pode usar um “clicker”, um aparelhinho encontrado em várias lojas de pets, ou mesmo aquelas canetas que emitem o som para que a ponta “saia” para escrever.
Neste caso, comece associando o barulho, ou seja, faça o clique e dê uma recompensa imediatamente, até que ele entenda que esse som significa alguma coisa, depois o introduza no treino.

Ensine o cão a esperar o seu comando


Uma das principais regras de adestramento é fazer com que o cão entenda quando é o momento de esperar, para que ele preste atenção ao sinal e siga com o treino. Inclusive, esse comando é essencial para evitar acidentes e vai ajudar no processo de “ficar”, esperar para comer, não fugir correndo pelo portão e assim por diante.


Até aqui, você pode ter notado diversos reforços positivos, não é? Pois bem, esse aqui pode usar um petisco ou um brinquedo que o animal goste muito. Mas a minha dica é usar o momento da alimentação, o que vai garantir o treino e evitar a possessividade com o alimento.


Portanto, você vai seguir os seguintes passos:

  • No primeiro dia, apenas coloque a comida no chão, nos horários definidos e deixe o cão comer, o treino começa depois desse primeiro dia;
  • Então, você vai chamar o cão e esperar, quando ele estiver esperando sente-se no chão e coloque a comida na sua frente;
  • Diga a palavra “não”, ou o nome do pet seguido do termo, e, se ele tentar comer, tampe o pote ou coloque a sua mão na frente do focinho, impedindo-o;
  • Pode ser necessário ficar dessa maneira por um tempo e você pode introduzir a palavra “espera”;
  • Repita o ato de não deixar ele comer, mas sem ficar repetindo a todo momento as palavras, ocasionalmente diga “não”;
  • Espere ele se afastar, tire a mão do pote/frente, mas repita se ele se aproximar;
  • Quando ele se afastar, você pode aguardar ou dizer o comando “senta”;
  • Aguarda ele sentar ou apenas se afastar e espere alguns segundos;
  • Por fim, você vai liberar o alimento dizendo “ok” ou mesmo o clique e deixar ele comer.


É importante sempre usar termos curtos e diretos. Lembre-se disso e sempre use as mesmas palavras ou ações.
Você pode usar esse mesmo esquema em outros locais, como nos passeios (usando petiscos) ou no portão, preferencialmente usando uma coleira para começar e evitar que ele escape.
Isso cria um padrão para o cão, que ele conseguirá seguir independe da situação.

Aprenda a redirecionar a atenção do cão

Se você já tentou mudar o foco do seu cão, sabe que nem sempre isso é fácil. Principalmente, quando o outro estímulo é muito forte ou relevante para o animal.


Por exemplo, imagine que você está passeando com o seu cão e outro cachorro, que está preso em uma casa, começa a latir. Esse estímulo afeta todo o ambiente e gera uma resposta no pet, que vai querer latir em resposta, avançar e começar a puxar a coleira.


Neste momento, muitos tutores simplesmente não sabem como agir, porque parece que nada é mais interessante do que aquela resposta, que é instintiva e está ligada a questão de sobrevivência.
E o que pode ser feito?


Inicialmente, o treino começa na sua casa, imitando coisas que podem acontecer e desenvolvendo esse padrão de atenção. Ou seja, comece a seguir os passos anteriores que tudo ficará mais fácil.


Ao mesmo tempo, você precisa perceber os sinais do seu cão, para intervir antes que o comportamento indesejado aconteça.


Suponha que um cão começa a latir alguns metros abaixo, e vocês vão passar bem na frente, comece a fazer pequenos comandos para que você se torne o ponto de atenção do seu cão, como se sentar e esperar.


Isso vai ajudar o cão a reduzir a tensão. Afinal, depois que ele começa a latir, será mais difícil barrar esse comportamento.


Inicialmente, será mais difícil fazer tudo isso, mas lentamente você perceberá rapidamente os sinais e, com o avanço dos treinos, o cão responde mais rapidamente aos comandos.


Você pode fazer isso em casa, solicitando a atenção do animal e recompensando-o quando ele cumpre com o comando.


Porém, cabe destacar que alguns comportamentos mais primitivos não podem ser completamente eliminados, mas podem ser reduzidos ou mais bem direcionados.


Assim, cães latindo em excesso podem reduzir os latidos drasticamente, ocorrer uma baixa resposta agressiva, rapidez no controle e assim por diante. Ainda assim, você verá que o cão pode reagir a outros, de outras maneiras, rolar na terra e mais, afinal, ele ainda é um cão saudável.


Treinando filhotes e cães adultos medrosos ou agressivos


Por fim, preciso dizer que alguns cães podem ser mais agressivos ou medrosos, sendo uma resposta comuns de cachorros punidos de alguma maneira, inclusive por adestradores, ou que tem traumas decorrentes de maus-tratos. Neste caso, a resposta inicial do pet é reagir dessa maneira para se proteger.


Um exemplo que ficou conhecido nas redes sociais é o de Jorge Jaime, México, que ao tentar se aproximar de um cão de rua para dar comida, acabou sendo mordido. Mas o morador entendeu que a cadela estava assustada e reagiu a ela com carinho, dando alimento, espaço e, mais tarde, afeto.


O resultado desse reforço positivo é que, alguns dias depois, a cachorra corria em direção a Jorge diariamente, pulando, lambendo e mais.


Essa situação exemplifica bem o que vou dizer:

Cães traumatizados que respondem com medo ou agressividade, precisam de ainda mais atenção e cuidado.


Nos dois casos, é preciso associar você com algo que seja positivo, ao mesmo tempo que se protege de um possível ataque e oferte respeito ao animal.


Assim, nunca se aproxime muito rapidamente de um pet que você não conhece, seja ele de rua ou mesmo que esteja com o dono. Fique a uma distância segura e espere que o animal venha até você.

Em alguns casos, pode ser necessário esperar muito tempo para que o pet se sinta confortável o bastante para se aproximar. Quando isso acontecer, permite que ele o cheire, mas ainda não passe a mão, espere mais e associe positivamente jogando pedaços de petisco, ou comida se o for alimentar.


Além disso, alguns cães podem não ser agressivos ou medrosos com o dono, mas o são com estranhos e com outros pets, quase sempre resultado de uma má sociabilização.


Nestes casos, a recomendação é começar com os treinos em casa, fazer passeios em locais mais calmos e introduzir terceiros gradualmente. Se o cão for muito agressivo, mantenha a coleira, para conseguir conter caso necessário, ou mesmo uma focinheira. O ideal é não permitir que o foco fique no “estranho”, então, redirecione a atenção do cão para você ou algo que ele goste.


Para finalizar, separei um resumo prático de como treinar um filhote e cão adulto, confira:

  • Os treinos são personalizados, avaliando o caso de cada cão e suas necessidades;
  • Você deve ter uma postura clara e concisa nos treinos em relação a como se comporta e aquilo que diz;
  • No geral, os treinos de filhotes e adultos tem uma base parecida, mas diferem por esses últimos já terem um repertório de comportamento;
  • Defina as regras, com destaque para treinos curtos em sessões, como será, o aprendizado gradual e evitar transmitir mau-humor;
  • Foque em ensinar o animal a entender e seguir o seu comando;
  • Você precisa ser capaz de redirecionar a atenção do cão, começando em casa;
  • Cães medrosos ou agressivos exigem mais tempo, paciência e dedicação, para que ele confie em você.

Como treinar um filhote e um cão adulto – parte 1.

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