Para compreender melhor o treino ou adestramento de reforço positivo leia o post anterior sobre comportamento dos cães. Você notará que estes comportamentos surgem de questões básicas, como o sentimento de segurança, fome e território.
Neste aspecto, sabemos que punir o cão não é uma medida efetiva e pode causar mais transtornos, como agressividade e traumas, como o ato de fazer xixi por achar que vai apanhar, vômitos constantes, etc.
Assim, o treino de reforço positivo é a melhor opção para adestramento, evitando esses problemas e agindo diretamente no instinto do animal.
Em resumo, o reforço positivo significa adicionar algo que seja valioso na hora de recompensar uma ação ou comportamento.
Mas isso não significa apenas dar petiscos para os cães ou que não existem maneiras de evitar comportamentos considerados ruins.
Inclusive, uma dica especial para entender tudo sobre reforço positivo é o livro “Princípios básicos de análise do comportamento”. Mas entenda da seguinte maneira: reforço positivo significa adicionar alguma coisa e reforço negativo significa eliminar algo.
Imagine a seguinte situação, você está em casa, deitado no sofá e o seu pet se aproxima, cheirando o seu rosto. Ao fazer carinho nele, você está reforçando positivamente esse comportamento, sendo provável que ele o repita outras vezes que quiser atenção.
Agora, suponha que o cão esteja comendo e o gato passa pelo cômodo, sentindo-o bicho como uma ameaça, o cachorro rosna e você tira o pote de comida dele. Esse é um reforço negativo (pela retirada de algo).
O grande problema desse último exemplo, é que o reforço negativo pode fazer (1) o cão parar de rosnar quando estiver comendo e o gato passar ou (2) gerar possessividade e agressividade com o pote de comida.
Por este motivo que o reforço positivo é mais interessante no adestramento.
Como fica o treino na prática?
No dia-a-dia, nem sempre é fácil ou rápido definir como vamos agir diante de uma situação inusitada, devido ao fator surpresa.
Por isso, é importante que você conheça o comportamento animal e defina algumas regras a serem seguidas, sempre com base do treino de reforço positivo.
A minha dica é ter um bloquinho de notas e aponte os possíveis comportamentos e as suas reações. Mas, atenção, sempre considere o contexto em que o cão está e não apenas a situação sozinha.
Para ficar mais fácil, você pode anotar da seguinte maneira:
- Puxou a coleira no passeio: virar a direção;
- Seguiu um determinado comando, como se sentar: petisco;
- Seguiu outro comendo, como esperar: carinho;
- Coloque sons que geram latidos gradualmente em casa, como latidos de outros cães: recompense quando o cachorro se manter calmo;
- Ações corretas: faça elogios ao cão, como o famoso “bom menino”;
- Crie sinais de alerta: recompense quando ele seguir a “dica”.
Vale destacar que não existe uma receita exata, sendo necessário observar o cão e definir os comportamentos a serem inseridos ou alterados, para criar um esquema efetivo de treino.
Por exemplo, os petiscos podem funcionar, mas devem ser exclusivos para o adestramento, evitando oferecer em qualquer outro momento. Isso eleva a percepção do cão.
Justamente por isso, é interessante definir alguns sinais de alerta, que vão sinalizar o que está por vir.
Por exemplo, você pode usar um clique, ou até aquelas canetas que fazem o barulhinho sempre que quiser que o cão se sente. Você pede para o cão sentar e, quando o fizer, faz o clique acompanhado do carinho ou petisco, repetindo outras vezes, em diferentes situações. Gradualmente, o cão vai se sentar logo que ouvir o clique, mesmo sem o carinho.
Enfim, o treino e adestramento de reforço positivo significa que:
- Você vai adicionar alguma coisa no adestramento, não apenas petiscos, mas rotina e carinhos também valem;
- Reforço negativo significa eliminar alguma coisa, como tirar o pote de ração;
- O adestramento e reforço só funcionam avaliando cada cachorro, considerando comportamento, manias e o que é valioso para ele;
- Criar sons de alerta são ideias para facilitar o treino;
- Punição não é uma alternativa e pode gerar comportamentos problemáticos, agressividade, traumas e muitos outros problemas, além de se caracterizar como maus-tratos.
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